Um acontecimento como o que
Portugal viveu no passado domingo, em futebol, é demasiado importante para ter
lugar em todos os comentários e conversas.
A representação em gestos
simbólicos é, a propósito deste acontecimento, algo muito misterioso, muito
estudado e sempre novo, sempre com nova expressividade. O futebol,
particularmente o futebol, encerra três estádios (designação bem apropriada,
quase à semelhança do desenvolvimento cognitivo em Piaget!) nesta natureza:
simples (quase arcaico, nos requisitos de executante versus entendimento do
objetivo), representativo (permite ganhos em muitas configurações: território,
grupo, nação, clube, instituição) e identitário (na empatia que segrega
automaticamente o auditório).
Será por isto também que, depois
de uma bonita campanha, na vitória há unanimidade à volta de um determinado
grupo. No caso de fracasso,... bem,... aí a responsabilidade é remetida para a
sua essência, para um momento paradoxalmente racional: o grupo fica limitado à
sua matriz (o grupo do Fernando Santos, no caso)!
Mas devemos considerar que o ser
humano é tendencialmente predador: revê-se com coragem desabrida nos
vencedores, sacia-se no consolo dado (na amargura) aos vencidos! – terrível.
Portanto, olhar para o momento
que Portugal vive é um pouco de tudo isto, sintetizado doutamente, numa pequena
entrevista, por Eduardo Lourenço, talvez o mais francês dos portugueses.
Assim, as grandes defesas de
Patrício foram nossas também; a presença sempre sagaz de Pepe e a revelação
Raphael Guerreiro geraram confiança; a bravura de Sanchez e a confirmação total
de Ronaldo fizeram cruzar a linha entre o passado glorioso e o futuro
promissor. Ederzito (de seu nome) ou Éder é o herói coletivo tão ao gosto de
Portugal, desde Camões: são todos os que fizeram ir além da (distante ilha do
Ceilão) Taprobana!
A Federação (a organização e as
diversas responsabilidades logísticas) que gere as modalidades futebolísticas
do país, passou a ser a nossa casa também.
O portugueses do mundo inteiro!
Finalmente o selecionador, com
todos os que com ele partilharam a responsabilidade.
A fé de Fernando Santos. A carta.
O acreditar. A mutação introduzida num grupo de homens descrentes, divisos,...
materializou a determinação cristã, sobretudo na redação da primeira Carta aos
Coríntios – curiosa correlação a adicionar à sua experiência profissional na
Grécia: a fé move montanhas!
E não é que as montanhas da Europa moveram-se!?
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