O mês de dezembro não é a possibilidade de preparação
imediata para uma “data qualquer” – poderia ser este o princípio de um texto
politicamente correto. Não pode ser. Não pode ser nem político nem correto! Porque
o que está em causa é a celebração do Natal, a Incarnação de Deus para resgatar
o homem do pecado (do original e de todos os outros pouco originais; e são
muitos)!
Como se sabe a expressão “politicamente correto” emerge na
segunda metade do século XX, nos Estados Unidos, durante as disputas culturais.
Servia para camuflar extensivamente a referências de classe, raça, género,
orientação sexual, nacionalidade, incapacidade e outras designações para
subentender a subalternidade. Enquanto, por exemplo, os negros autodescreviam-se
como “afro-americanos” — valorizando a lógica da identidade pela cultura de
origem, e não pela cor da pele —, os simpósios “Correção Política e Estudos
Culturais” propunham examinar qual o efeito que tem sobre a pesquisa académica
a pressão para se conformar a ideias atualmente na moda. Tomava corpo a bem
sucedida estratégia de certos setores nas guerras culturais: a “pressão” para
que se adotassem expressões “politicamente corretas” para silenciar o outro
enquanto se faz de vítima oprimida.
Não querer usar o politicamente correto é exatamente para
podermos olhar os sinais emergentes como contrários a tudo o que o Natal trouxe
ao mundo, partindo da mensagem de amor universal para os homens e mulheres de
boa vontade.
Mas a boa vontade tem limites!
Com o Natal e o fim do ano, no Calendário Gregoriano, é
certo que há aumentos no preço das coisas que os cidadãos mais necessitam, quer
expressamente (para procura do salário justo e vida digna, transportes por
exemplo) e ocultamente (dependências energéticas, comunicações,… as armadilhas
do sistema)!
E como se não bastasse… mais um Banco!
Como se pode ser politicamente correto com isto?!
Os aumentos (em nome de quê? Porque razão para além da
“abutrização” - de abutres! - dos “Mercados”?) e a falta de verdade (no caso do
tratamento dado às coisas do Estado, Banif por exemplo) promovem a
desintegração social, sustentam dependências, escravizam as pessoas!
O espírito de Natal (tolerância e tréguas) dará, por fim,
lugar à expulsão dos vendilhões no Pátio dos Gentios!
Naquele tempo havia homens ricos e pobres, virtuosos e
criminosos, livres e escravos. O Templo, em Jerusalém, constituía-se num lugar
de peregrinação, era um lugar visitado por pessoas e comunidades de todas as
nações. Tinha quatro pátios. O primeiro era o “pátio dos gentios” (“hieron”,
ocupado pelos mercadores que realizavam trocas de dinheiro e vendiam os
animais. Transformaram aquele espaço em "casa de comércio", em
"casa de privilégios”, em que os movimentos comerciais relacionados e bastante
lucrativos eram monopolizados apenas por
algumas famílias! O resto da história é sobejamente conhecida,… o Nazareno, o
mesmo da ternura do Natal, deu cabo daquilo tudo!
Por fim,… basta!
(in Correio do Vouga, 2015.12.22)
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